Relembre sobre o primeiro impacto lunar confirmado por Brasileiros.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Impacto lunar – Um registro histórico feito por sócios do CEAAL/APA em campanha coordenada pela BRAMON

Por Romualdo Arthur A. Caldas
Prezados amigos,
Sócios do CEAAL e da BRAMON, Romualdo Caldas e David Duarte, em Maceió-AL, e Marcelo Zurita e equipe (BRAMON e APA) na Cidade de Araruna na Paraíba, no dia 14/12/2017, no horário das 04:13:46 (hora local) / 07:13:46 (UTC), flagraram uma imagem histórica para a Astronomia Nacional. Tudo começou quando, alguns dias antes, a Rede Brasileira de Observações de Meteoros (BRAMON) traçou planos para tentar registrar, na parte não iluminada da Lua, possíveis impactos de meteoritos na superfície de nosso satélite natural. A data escolhida foi a auge da famosa chuva de meteoros Geminídeos entre a noite do dia 13/12 e a madrugada do dia 14/12. Esta data favorecia uma melhor chance de termos sucesso nessa empreitada acima mencionada, pois a Lua estava na sua fase minguante e exibia uma boa parte de sua superfície não iluminada pelo Sol (escura), voltada para nós. A BRAMON fez a estratégia perfeita; agora, era por as mãos na massa, trabalhar e ter sorte.
Na véspera do dia do evento, Romualdo Caldas, Presidente do CEAAL, informado por Marcelo Zurita de uma live pelo canal do You Tube, realizada pela BRAMON, também comunicou ao Vice-Presidente do CEAAL, David Duarte, da realização da mesma e a possibilidade de participarmos desse importante acontecimento. Nessa live da BRAMON, os sócios desta entidade afirmaram mais de uma vez a importância do registro, por mais de uma câmera, de qualquer efeito luminoso na Lua, na mesma hora, minuto e segundo e na mesma região do solo lunar, para que a descoberta pudesse ser aceita e descartar falsos positivos.
Iniciamos a preparação para o dia seguinte, traçando os planos: utilizar um Telescópio de 8″, Montagem altazimutal com acompanhamento eletrônico, uma boa câmera de vídeo, um notebook com bastante espaço e o local da gravação.
Sabendo que a Lua nasceria por volta das 02:04 da manhã do dia 14/12 e que só poderíamos filmar até por volta das 04:30, visto que o dia em terras nordestinas nessa época do ano começa a clarear por volta desse último horário informado, acertamos os últimos detalhes.
Por volta das 20:00 do dia 13/12, Romualdo foi à nossa sede na Usina Ciência, pegar uma montagem altazimutal eletrônica (pertencente ao sócio Evonio, do CEAAL) um tubo óptico Schmidt-Cassegrain novinho em folha MEADE de 8 polegadas e seus acessórios. Contamos com o apoio da direção da Usina Ciência e do vigilante da Usina Ciência, o seu Cícero, para ajuda dada nesta etapa. Cheguei à casa por volta das 20:30, peguei minha câmera ASI 1600 Mono Cooled (ainda virgem, isto é, sem sua primeira luz), seus adaptadores, fonte e o notebook. O local para a observação e registro definido foi a casa do David Duarte em um condomínio fechado. Romualdo chega à casa do amigo por volta das 21:40 e, de imediato, ambos começam a montagem dos equipamentos. Por volta das 22:50 todos os equipamentos estavam a postos. David ainda informou a crianças do condomínio para assistirem a chuva de meteoros do pátio e para onde olhar. Ouvimos os gritos de contentamento dos pequenos que avistaram meteoros pela primeira vez e isso muito nos animou para nossa própria tarefa.
Setup do CEAAL que registrou o evento.
Enquanto isso, na Paraíba, mais precisamente na região do Parque Estadual da Pedra da Boca, na cidade de Araruna, os sócios da APA/BRAMON liderados por Marcelo Zurita, também se preparam:
Setup utilizado por Marcelo Zurita para registrar o evento.
Equipe da APA. Marcelo Zurita segura o refletor e a câmera de vigilância que captaram o flash lunar.
Com os equipamentos prontos, agora, era só esperar. O céu estava límpido, incrivelmente sem nuvens e observamos, a olho nu, vários meteoros e alguns bólidos brilhantes. Por volta das 2 h da manhã, vimos no lado leste, muitas nuvens chegando e ficamos deveras preocupados com a situação. A Lua nasceu encoberta para nós e, ainda atrás de uma árvore, de modo que só poderíamos observá-la e filmá-la por volta das 03:00 se, e somente se, as ameaçadoras nuvens deixassem…
Foi quando David Duarte disse para mim: Romualdo, acho que essas nuvens podem precipitar um pouco… Eu não disse nada, mas pensei: Não, elas não vão fazer isso conosco… cinco minutos depois, senti os primeiros pingos e corremos para proteger os equipamentos (isso era por volta das 3 h da manhã). Mas, depois, essa agonia dos pingos de chuva que durou cerca de 4 minutos passou e nossos equipamentos ficaram protegidos não sendo afetados. Entretanto, David teve que refazer o alinhamento e, como não havia mais tempo, fez o alinhamento só com um corpo celeste: Marte.
Por volta das 03:30 começamos, sem nuvens e árvore, a filmar e gravar a parte escura da Lua, na região que os sócios da BRAMON tinham recomendado. Tudo funcionando, gravando a contento, era só esperar o resultado. Gravamos até às 04:30 da manhã, hora local (07:30 Tempo Universal-UT). Romualdo saiu da casa do David por volta das 4:15, e David ficou gravando até a hora acima mencionada quando o dia começou a clarear.
Praticamente nem dormimos e fomos trabalhar, afinal, quinta-feira é dia de batente. Por volta das 11:00 da manhã (14:00 UT), vi, no Facebook da Bramon, um vídeo do Marcelo Zurita relatando, da Paraíba, a gravação de um flash às 04:13 (07:13 UT) do dia 14/12/2017 numa região acima do Mar da Tranquilidade e abaixo da Mar das Crises e perguntava se alguém mais tinha gravado esse fenômeno. Romualdo sentiu na hora que nossos registros poderiam ter detectado também o efeito luminoso (caso não tivéssemos detectado juntos, seria difícil de comprovar que o flash se devia a um impacto, podendo ser até um falso positivo). O notebook, com as gravações, tinha ficado com David,  então liguei logo para David, pedindo verificar as imagens naquele horário e local. Minutos depois, David retorna dizendo que tínhamos gravado também o efeito luminoso na mesma hora e local da Lua que o vídeo do Zurita exibiu.
No mesmo instante, mandei mensagem para o Zurita e depois telefonei diretamente para ele e comuniquei a boa nova. Ficamos exultantes e começamos a divulgar nos grupos esse feito. Em poucas horas, nossa descoberta estava sendo divulgada em meios de comunicação e recebíamos felicitações de todos.
Ponto luminoso registrado por David Duarte e Romualdo Caldas
Ponto luminoso registrado por Marcelo Zurita.
Ambas as imagens lado a lado.
Nossas gravações estão sendo tratadas por softwares especiais indicados pela NASA, para a gente enviar nossos dados para serem analisados por especialistas de várias agências no mundo. Com esses nossos vídeos, dá, pelo menos, para calcular a quantidade de energia liberada pelo impacto, se formou cratera, o tamanho do meteoroide que se chocou com a Lua, sua massa e sua velocidade na hora do impacto. Vejam abaixo os vídeos no momento da liberação do flash de energia:
Vídeo do registro do Marcelo Zurita.

Agradecemos a todos do CEAAL e da BRAMON pelas felicitações e, enquanto respirarmos, seguiremos em frente. Um bom final de semana a todos.

NOTA – Avani Soares, Astrônomo Brasileiro e notável astrofotógrafo planetário/lunar, através de suas excelentes fotos lunares, mostra o provável local da queda do meteorito na Lua e, promete, fotografar a área, em breve, para registrar a possível nova cratera produzida pelo impacto:

2 Comments

  1. julho 13, 2022 at 7:33 pm

    Greetings! Very helpful advice in this particular
    post! It is the little changes that will make the biggest changes.
    Many thanks for sharing!

    • romualdo caldas-Reply
      julho 18, 2022 at 12:58 pm

      Thank You very much

Leave A Comment